Quais são os maiores gastos — com as obras do mundo ou com as obras de Deus? O mundo gasta fortunas imensas, não só com indústrias e atividades benéficas, mas também com as múltiplas indústrias do vício e do crime. E há filhos do mundo que ajudam o consumismo de produtos do pecado e que têm coragem de criticar as igrejas, porque arrecadam recursos para as suas obras de evangelização, de edificação moral e espiritual e de assistência a carentes de todo tipo! As críticas nos chegam pelos jornais, pelas revistas, pelo rádio e pela televisão. E muitos crentes incautos embarcam nessas críticas e olham com suspeita as campanhas financeiras das igrejas. — O mundo, criador e promotor do crime e dos vícios, com todos os gastos disso decorrentes, não tem autoridade para criticar as igrejas.
Estas, por sua vez, precisam ampliar a sua visão das necessidades, e aprofundar o seu amor, para que também sejam aumentados os seus recursos financeiros para maior atendimento às causas justas e para melhor cumprimento dos seus altos e nobres objetivos.
Queira Deus que esta lição ajude crentes e igrejas nesse sentido! — Não se iluda o amável leitor com a aparente limitação do tema — Ofertas Para a Casa de Deus.
Vejamos:
I — Israel Dá um Belo Exemplo Nas lembranças deixadas por Israel são frequentes os seus exemplos negativos. Mas temos nesta lição a alegria de observar atos de consagração, de genuíno amor a Deus e de grande alegria espiritual. E isto tudo para a construção do tabernáculo. Não se tratava da construção do templo, mas de uma tenda desmontável, para ser usada como casa de Deus durante a peregrinação do seu povo. Uma tenda — mas que tenda! Notemos:
Í.A ordem de Deus: 35.4-10; 35.30 a 6.4 1.1 — “Do que tendes, uma oferta” (Êx 35.5a) — Tudo que somos e temos pertence a Deus, e deve ser usado de modo que glorifique a Deus. — Mas, para fins específicos, Deus pede ofertas, ou “uma oferta”. 1.2 — “Coração disposto, voluntariamente” (5.b). — Deus não quer nada forçado; quer dedicação voluntária, ofertas voluntárias, quer “coração disposto”. — Que isto não leve o cristão negligente a argumentar: “Não me sinto inclinado a contribuir, e Deus não quer contribuições assim. Por isso não vou contribuir”. — Perdoe-me o leitor a linguagem, mas dá até para ver os chifrinhos diabólicos brotando na cabeça dura de quem pensa ou fala desse jeito! Humilhe-se, quem está nessa situação, humilhe-se, converta-se de verdade, e o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo tornará o seu coração “disposto”, e o seu amor se traduzirá em dádivas, ofertas e contribuições sistemáticas e voluntárias para a casa de Deus, para a causa de Deus. 1.3 — Ouro, prata, bronze… (5c-9) Metais preciosos, joias, peles, tecidos, azeite e especiarias. Riquezas das quais os israelitas haviam despojado os egípcios, segundo a ordenação de Deus (Êx 3.21 11.2,3).
1.4 — “Venham todos os homens hábeis” (10) — Deus ordenou que se fizessem ofertas de bens materiais e de pessoas talentosa^ para o trabalho. Leia Êx 35.30 a 6.4. — A igreja precisa de dinheiro e de pessoas dispostas a trabalhar. Precisa de recurso; financeiros e recursos humanos. — Todo o trabalho de construção e aparelhamento do tabernáculo é descrito com pormenores em Êx 35.11-29; 36.8-38; e nos capítulos 37, 38 e 39. 2. A pronta resposta do povo: 35.20-29 2.1 — “Todo homem”. Esta expressão, repetida uma e outra vez na passagem em foco faz-nos pensar na participação pessoal, individual. Cada crente deve sentir-se movido a contribuir (21). 2.2 — “Vieram homens e mulheres” (22). Os homens e as mulheres vieram trazendo ofertas para o serviço do Senhor. As mulheres se desfizeram dos anéis, bracelete: e outros adornos de ouro. Os melhores e mais caros. E os homens do povo e o: príncipes ofertaram ouro, bronze, tecidos, especiarias, madeira. 2.3 — As mulheres, além das ofertas em joias, tecidos e peles, também trabalharam com “suas próprias mãos” e apresentaram o produto dó seu trabalho como oferta ac Senhor (25,26). — Na igreja, corpo de Cristo, é assim: Todos trabalhão integralmente, para a glória do Senhor. Nada de discriminação, “porque todo vós sois um em Cristo Jesus” (G13.28). 2.4 — O resumo feliz: “Os filhos de Israel trouxeram oferta voluntária ao Senhor; a saber todo homem e mulher, cujo coração os dispôs para trazerem uma oferta para toda
a obra que o Senhor tinha ordenado que se fizesse por intermédio de Moisés” (35.29). E tal foi a abundância das ofertas, que foi preciso mandar o povo parar de trazê-las (36.5-7). — Isso porque as ofertas se destinavam especificamente à construção do tabernáculo.
II — A Graça de Contribuir 1. Na igreja cristã a contribuição financeira pode ser vista como obrigação ou como privilégio. 1.1 — Como obrigação, as ordenanças veterotestamentárias sobre primícias, dízimos e ofertas voluntárias extras permanecem válidas. Uma passagem que muitos citam para contrariar o que acabei de dizer, é justamente uma passagem que dá suporte ao que acabei de dizer. Refiro-me a Mt 23.23. Os do contra citam quase todo o versículo, mas não todo. Citam: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé…”. Mas se igualam aos hipócritas condenados por Jesus, porque omitem a parte final da exortação do Mestre:
“… devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”.
Noutras palavras, eis a ordem de Jesus: Vocês devem fazer “estas coisas”. Quais? — “a justiça, a misericórdia e a fé”.
Vocês não devem deixar de fazer “aquelas”. Quais? — dar fielmente o dízimo de todo o rendimento. 1.2 — Como privilégio o cristão contribui sistematicamente, por vezes com ofertas e doações extraordinárias, sempre com o coração aberto para despejar no altar de Deus a sua adoração, o seu amor, a sua gratidão. 2. Em II Coríntios 8 Paulo classifica a contribuição cristã como “graça”. Note os w . l , 4, 6 e 7. Quanto mais amadurecidos na vida cristã, mais vamos percebendo que contribuir para a causa de Cristo é um privilégio, uma bênção, uma “graça” divina para aquele que contribui. 3. O apóstolo nos lembra que por mais que nós entreguemos ao Senhor, e por maior que seja a nossa contribuição, longe estaremos da dádiva de Cristo, que se doou amorosa e sacrificialmente em nosso favor (II Co 8.9): “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre, por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos”. 4. Nas instruções, apreciações e exortações que faz nos capítulos 8 e 9 da citada epístola, Paulo está tratando de uma coleta levantada nas igrejas gentílicas para socorrer os “pobres dentre os santos que” viviam em Jerusalém (Rm 15.26). O prolongado cerco e a destruição de Jerusalém pelas tropas romanas, sob o comando do general Tito, no Ano 70 A.D., produziram grande
miséria. Paulo liderou uma campanha nas igrejas dos gentios convertidos para levantar recursas que seriam encaminhados aos empobrecidos cristãos da Judéia. O que nos faz ver que entre : ; diferentes motivos para o cristão contribuir financeiramente para a igreja está este: Prover de recursos a igreja para que esta possa atender áreas de necessidade, carentes de toda espécie — numa evangelização integral: (a) que atenda ao ser humano completo, corpo e alma; (b) que atenda aos carentes de todos os tipos: pobres, meninos de rua e toda classe de marginalizados.
Conclusão: Se você pensa que é um bom contribuinte porque de vez em quando dá uma vultosa oferta, está enganado.
Se você pensa que é um bom cristão, apesar de ser mais tacanho que os israelitas, está enganado. (Eles davam dízimos, primícias e ofertas voluntárias, espontâneas, não exigidas por lei.) Se você pensa que basta contribuir para que a sua igreja mantenha o patrimônio e dê o sustento pastoral, está enganado.
Pense na contribuição à igrej a através do prisma da fé cristã real: Amor a Deus e ao próximo. Amor que nos leva a fazer o possível e o impossível para glorificar a Deus com o nosso ser, com os nossos bens e com os nossos dons. Amor que nos leva a abrir o leque do nosso serviço de acordo com o imenso leque de necessidades e necessitados à nossa volta, perto e longe!